Apesar dos progressos observados nos últimos anos quando o assunto é a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs), ainda há muito o que avançar no Brasil para que tenhamos uma sociedade realmente inclusiva. Como consequência, a mesma situação ocorre no mercado de trabalho de maneira geral.
Como forma de demonstrar comprometimento com a causa e também ser uma fonte de inspiração para outras empresas, já que sem dúvida se trata de um desafio coletivo, a Express Restaurantes aborda neste artigo as ações realizadas pela organização para colocar em prática a inclusão na cultura e rotina empresariais.
Além de trazer dados atuais, é abordado o conjunto de esforços de toda organização, que vai além da contratação de PCDs, mas engloba também a adaptação dos restaurantes, o cuidado com essas pessoas e o respeito acima de tudo. Siga lendo para conferir!
Os PCDs no mercado de trabalho brasileiro
A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho brasileiro está garantida por lei há nada mais nada menos do que 30 anos, mas ainda não é uma realidade. Há três décadas, a Lei de Cotas (8.213/91) estabelece vagas obrigatórias para PCDs nas empresas com cem ou mais empregados. Além de definir a reserva de vagas, que varia de 2% a 5%, traz que o desligamento de um empregado reabilitado ou com deficiência só pode acontecer após a contratação de substituto em condição semelhante.
De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), em 2018 apenas 51% das vagas reservadas por lei estavam ocupadas, o que representa cerca de 390 mil pessoas com deficiência ou reabilitadas empregadas, enquanto havia 380 mil vagas desocupadas. Ou seja, somente se chegou à metade do esperado.
Com a pandemia, tornou-se ainda mais explícito o quanto as empresas seguem despreparadas para a real inclusão de PCDs. Mesmo em maior condição de vulnerabilidade social e com maior propensão a fazerem parte do grupo de risco, as demissões desses profissionais passaram a acontecer com uma frequência maior ainda.
A estabilidade no emprego garantida às PCDs, prevista na então Medida Provisória nº 936 de julho de 2020, que criou o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, não foi retomada em 2021. A partir daí, a demissão desses trabalhadores sem justa causa passou a ser novamente permitida.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre agosto e dezembro de 2020 as demissões se mantiveram estáveis, em torno de 2.400 por mês. Já em janeiro de 2021, com o fim da estabilidade, o número de PCDs excluídas do mercado de trabalho quase dobrou, chegando a 4.170.
A inclusão de pessoas com deficiência na Express
Na contramão de um cenário que parece dar passos para trás, a Express Restaurantes busca uma constante inserção dos profissionais com deficiência na empresa. Faz isso por meio de uma parceria com o Centro de Formação Profissional SENAI Nilo Peçanha, em Caxias do Sul (RS), com quem mantém um projeto de Jovem Aprendiz PCD.
No programa, participam jovens que aprendem na teoria e na prática o ofício de auxiliar de cozinha. Dessa forma, os jovens alcançam uma colocação no mercado de trabalho e a oportunidade de se sentirem parte da sociedade.
Para que a transformação trazida com a inclusão seja possível, é preciso que haja esforço e engajamento de todos os níveis e setores da empresa, desde a parte operacional até a liderança. Porém, a área de Recursos Humanos é a responsável por organizar e conduzir as iniciativas.
Na Express, as partes mais envolvidas são os setores de Gestão de Pessoas, Relações Trabalhistas e as equipes operacionais. Enquanto o GP recruta, seleciona e reúne a documentação dos jovens, o RT dá andamento aos trâmites legais e as equipes operacionais proporcionam o acolhimento na realização da rotina prática.
Quais são os tipos de PCDs que a Express inclui?
Entre os participantes do programa Jovem Aprendiz PCD, são incluídos aqueles e aquelas que possuem algum tipo de deficiência mental e física leve (com exceção de deficiência motora e visual) para trabalharem diretamente nas cozinhas atendidas pela Express.
Uma maneira encontrada de facilitar a inclusão e incentivar a permanência das PCDs na empresa é alocá-las de maneira que a unidade onde atua seja mais perto da sua residência ou que seja de mais fácil acesso a elas.
A inclusão é feita de acordo com as tarefas que cada pessoa pode realizar, estando sempre sob supervisão para que não aconteçam acidentes e para que se sintam seguras e acolhidas no ambiente em que trabalham.
Os desafios enfrentados na inclusão de PCDs nas empresas
Alguns dos maiores desafios enfrentados na inclusão de pessoas com deficiências nas empresas são a captação destes profissionais e a presença de acessibilidade nos ambientes laborais.
Nesse sentido, a falta de qualificação profissional infelizmente ainda é uma realidade, isso porque ainda é muito baixa a participação de PCDs em faculdades e universidades, apesar dos números estarem crescendo. Por isso, cursos técnicos, como na parceria da Express com o SENAI, são tão importantes para contribuir no acesso de PCDs ao trabalho.
Por outro lado, grande parte das organizações ainda deixa a desejar em relação a investimento de tempo e recursos para tornar os seus ambientes efetivamente inclusivos, o que requer uma acessibilidade não apenas física, mas também na comunicação e no comportamento dos colaboradores.
Benefícios da inclusão: o que as empresas ganham?
São inúmeros os benefícios que uma empresa ganha ao se abrir para a inclusão de PCDs. Na Express, é notável o aumento do engajamento e da cooperação entre os profissionais, além da troca de experiências incomparáveis, onde todos aprendem uns com os outros. O fortalecimento da marca empregadora também é um ganho que merece ser destacado.
Conforme o Guia de Diversidade 2020, produzido pela Revista Exame e pelo Instituto Ethos, 90% das empresas participantes acreditam que políticas de Diversidade e Inclusão contribuem para melhorar o clima organizacional, 84% responderam que ela aumenta a produtividade e 77% afirmam que elas auxiliam no desenvolvimento de novos produtos.
Ou seja, a diversidade pode contribuir de forma significativa para o crescimento dos negócios. Aqui, falamos sobre a inclusão de pessoas com deficiência, mas é possível abordar ainda perfis como negros, LGBTQIA+ e outros. Na Express, não temos dúvida de que esse é o caminho a ser trilhado.
Gostou do nosso material? No blog da Express você também pode conferir um artigo sobre a importância dos conceitos de soft skills e hard skills para o recrutamento de profissionais.
Contribuíram para este artigo:
Suelen Martini de Souza, supervisora do setor de Gestão de Pessoas da Express
Bernadete Triches, supervisora da Express.