Ao buscar pelo significado da palavra “impostor”, é possível encontrar definições como “aquele que abusa da credulidade ou ignorância dos outros”. A síndrome do impostor, por sua vez, não se refere aos outros: refere-se aquele que abusa da sua própria credulidade, duvidando do que é capaz.
Quando isso passa a afetar a vida e a carreira de quem sofre com a síndrome é preciso parar e analisar o que pode ser feito a respeito. Por isso, a Express preparou este conteúdo, explicando em detalhes o que é a síndrome do impostor, como ela pode atingir diferentes áreas da vida, como identificá-la e o que fazer para evitar que isso aconteça.
O que é síndrome do impostor?
A síndrome do impostor é um termo psicológico que descreve um padrão de comportamento de autossabotagem, no qual a pessoa duvida de suas realizações e tem um medo persistente de ser exposto como uma fraude, como incompetente. Apesar de não ser considerada um transtorno psicológico pela Organização Mundial da Saúde, essa síndrome merece cuidado e atenção, pois pode evoluir para um quadro mais sério, como depressão e ansiedade. Qualquer pessoa pode desenvolver, e sua manifestação pode ocorrer por diversos motivos, como o jeito que a pessoa foi criada, como um mecanismo de defesa, ou através de acontecimentos marcantes, que se tornaram traumas.
Como identificar?
É importante que os profissionais de RH das empresas saibam identificar se algum colaborador estiver sofrendo com a síndrome do impostor, para o bem da pessoa e também para evitar retrocessos e a saída de colaboradores. Para isso, é preciso estar atento a alguns sinais que uma pessoa portadora dessa síndrome pode demonstrar:
- Sentimento de não pertencimento/merecimento
- Desconforto perante um elogio inesperado;
- Sente-se inadequada em relação ao restante da equipe;
- Está constantemente criticando seu trabalho e suas entregas;
- Fica mais nervosa que o normal perante uma grande apresentação de projeto ou entrega;
- Possui atitudes que sabotam as chances dela de crescer na empresa.
Além de identificar nos outros, também é fundamental realizar uma autoanálise, percebendo se você mesmo não apresenta atitudes de autossabotagem. Portadores da síndrome normalmente possuem sensações como insegurança, perfeccionismo extremo, baixa autoestima, complexo de inferioridade e sensação de inadequação. Comumente, essas pessoas também utilizam alguns mecanismos de defesa. São eles:
- Necessidade de agradar: busca incessante por aprovação e validação alheia;
- Medo de exposição: esconder-se para não ser descoberto e julgado, sofrimento em silêncio e receio de que os outros concordem com sua incapacidade;
- Procrastinação: medo de entregar um trabalho “mal feito”;
- Autodepreciação: intolerância com os próprios erros, cobranças exageradas e o não reconhecimento das suas habilidades;
- Esforço excessivo: obsessão em apresentar resultados que comprovem o motivo do sucesso;
- Comparação: estar sempre se comparando com outras pessoas por acreditar ser inferior aos demais.
- Um bom método para identificar se um colaborador possui síndrome do impostor, além da observação, pode ser a avaliação 360 graus.
Como a síndrome do impostor pode afetar sua carreira?
Como já citado anteriormente, a síndrome do impostor faz com que o indivíduo tenha a sensação de que não é bom o suficiente para desempenhar determinada função ou que não pertence a determinado lugar. Além disso, pessoas que desenvolvem a síndrome também apresentam dificuldade para reconhecer que o sucesso é fruto da capacidade, talento e esforço. No trabalho, essa situação pode trazer muitos malefícios para a rotina do profissional. Um exemplo que acontece é o colaborador se desgastar muito além do necessário com uma entrega de trabalho, projeto ou apresentação por sentir que o nada nunca está suficientemente bom.
Outros exemplos: ao fazer uma apresentação, o funcionário pode acreditar que todos vão notar seu nervosismo e desespero por ter que realizá-la, e acaba não conseguindo apresentar de forma adequada por conta desse sentimento. Em um cenário onde o colaborador ganha uma promoção, por exemplo, ele pode crer, internamente, que devem ter tido poucos candidatos concorrentes, ou que não mereceu aquela promoção, e acaba não correspondendo às expectativas justamente por esse sentimento de autossabotagem.
Em suma, um profissional com síndrome do impostor não se sente apto o suficiente para realizar tarefas que sabe fazer, e acaba causando atrasos nas entregas e trancando o fluxo de trabalho. A boa notícia é que é possível superar a síndrome, com a ajuda e as atitudes certas.
Como superar?
A primeira coisa a fazer para superar a síndrome do impostor é reconhecê-la: compreender que ela existe e que tem sido prejudicial para o crescimento pessoal e profissional. Depois de identificar e reconhecer o problema, é importante procurar um psicólogo — o profissional mais indicado para auxiliar na superação da síndrome. Ele vai identificar os pensamentos e sensações que estão prejudicando a evolução do paciente, fortalecer as suas qualidades e respeitar suas limitações, ajudando-o a reconhecer o que é real e o que é autossabotagem.
Contudo, o indivíduo também precisa fazer a sua parte nessa superação. Para isso, uma dica válida é que ele possa listar e valorizar suas conquistas. É importante que ele perceba e diga para si mesmo que seu sucesso não é fruto de sorte, mas de merecimento. Ademais, é fundamental que o portador da síndrome, tentando superá-la, compreenda de uma vez por todas que ninguém é perfeito. A possibilidade de errar e fracassar existe — inclusive, é possível aprender muito com ela.
Acima de tudo, a pessoa precisa se dar conta de que fracassos e erros não representam o que ela é, e nunca serão um reflexo das suas habilidades.
Algo que também pode ajudar muito na superação da síndrome é ter, manter ou criar uma boa rede de relacionamentos. Estar cercado de pessoas confiáveis é maravilhoso para qualquer situação. Quando essa rede de apoio elogia de forma sincera as qualidades do portador da síndrome, e o admira de verdade, faz com que seja muito mais fácil para ele alcançar a autovalorização e autoaceitação.
Para superar a síndrome do impostor, a pessoa precisa se cuidar: cuidar da mente, do corpo e da saúde. Comer bem, dormir bem, praticar exercícios e ter atividade de lazer são atitudes fundamentais para qualquer indivíduo. Conversar, seja com um psicólogo ou com amigos, também faz toda a diferença. Ajude e também procure ajuda. Não deixe a ansiedade e a síndrome do impostor te dominar!